quarta-feira, dezembro 30, 2015

A QUEM SABE E A QUEM NÃO SABE A QUEM DEDICO ESTE SONETO

*
Hoje eu acordei cantando,
pensando no desperdício
de andar insuflando os ódios
como quem parte — ou morre.

O tempo é espaço nefando,
nefando feito um hospício:
sabe a cloretos de sódios
e a dicionários de porre.

Se essa estrofe não bastava,
baste assim mais um versinho
e uma rima calma e brava

e um gole eterno de vinho —
pois hoje acordei cantando:
dançando — sangrando — amando.

ijs

segunda-feira, novembro 23, 2015

NINGUÉM VAI LER (MAS ALGUÉM VAI)

[feito pensando em FFR]


Ninguém vai ler mais esta tralha agônica:
o mundo já não tem mais versos, tem
imagens indo e vindo em tal vaivém
que ninguém mais na massaroca sônica

percebe o repeteco tico e teco:
pra quem não grava nada tudo é novo
e a novidade é coisa em si, feito ovo
em pé: e em tal vazio nada faz eco.

Porém eu sei: existe alguém: sim, sim,
alguém que é bem mais gente que esta tropa
que entope o mundo todo e a tudo ensopa —
alguém-você: total pra mim: e fim.


ijs
__

sábado, outubro 17, 2015

MÍSTER PANDEIRO

(Mr. Tambourine Man, de Bob Dylan,
em versão brasileira de Ivan Justen Santana)


Ei, Míster Pandeiro, toque uma canção pra mim
Estou sem sono e sem destino pra chegar
Ei, Míster Pandeiro, toque uma canção pra mim
Na manhã tinindo sigo você a qualquer lugar

Sabendo que o domínio desta noite se desfez
Sumiu das minhas mãos
Deixou-me cego em pé e ainda sem sono
Meu cansaço é impressionante, mas de pé estou confiante
Ninguém vem ao meu encontro
E esta antiga rua é morta demais pro meu sonho

Ei, Míster Pandeiro, toque uma canção pra mim
Estou sem sono e sem destino pra chegar
Ei, Míster Pandeiro, toque uma canção pra mim
Na manhã tinindo sigo você a qualquer lugar

Deixe-me embarcar no seu navio de rodopio
Rasgaram-me os sentidos, conter-me eu não consigo
E os dedões amortecidos
Só esperam o salto destas botas pra andar
Estou pronto pra jornada, pronto pra sumir do mapa
No meu próprio desfile, lance o dançante feitiço
Nele está meu lar

Ei, Míster Pandeiro, toque uma canção pra mim
Estou sem sono e sem destino pra chegar
Ei, Míster Pandeiro, toque uma canção pra mim
Na manhã tinindo sigo você a qualquer lugar

Talvez ouça risadas e agitações ao sol
Não são pra ser ouvidas, são meras tentativas
E só este céu pode nos cercar a frente
Se ouvir ainda por cima traços vagos duma rima
Seguindo esta batida, são os farrapos dum curinga
Nem me incomodaria
É só uma sombra que ele segue em sua mente

Ei, Míster Pandeiro, toque uma canção pra mim
Estou sem sono e sem destino pra chegar
Ei, Míster Pandeiro, toque uma canção pra mim
Na manhã tinindo sigo você a qualquer lugar

Então me leve ao sumidouro das nuvens mentais
Nas neblinas ancestrais, congeladas folhas e mais
Assombrado bosque e cais, pela praia afora ao vento
Pra longe do lamento da tristeza vã
Sim, dançar ao céu brilhante e acenar livremente
Marinhas silhuetas, as dunas nosso circo
Memórias e destinos sob as ondas submergindo
Deixe-me esquecer de hoje até amanhã

Ei, Míster Pandeiro, toque uma canção pra mim
Estou sem sono e sem destino pra chegar
Ei, Míster Pandeiro, toque uma canção pra mim
Na manhã tinindo sigo você a qualquer lugar
___

quarta-feira, setembro 02, 2015

TUDO AQUILO SOBRE O QUE FERNANDO PESSOA JÁ VERSOU TANTO E MELHOR

*
O drama da minha vida
(que não é nem nunca foi
só minha)
pede que eu escreva em prosa.

Não vou largar a poesia:
vou tentar estreitar a prosa
porque nunca escrevi “em poesia”:
tento falar, viver e escrever poesia,
mesmo amaldiçoando a dita,
mesmo me sentindo
(e a sentindo)
inútil,

mesmo sabendo que nada disso
é de verdade ou sequer
aconteceu:

aliás: quem sou eu?

ijs
__

quinta-feira, agosto 20, 2015

ENTÃO NÃO FOI?

*
Então não foi pra isso que você nasceu?
Não foi apenas pra saber de alexandrinos,
nem só a fim de saber que nada é mesmo seu;
mas que os percursos são mais belos que os destinos

e às vezes um poema em alexandrinos terminaria melhor mesmo com uma frase em velha e boa prosa, sem mais rimas nem ruminações.
*

sexta-feira, julho 31, 2015

QUIETO

(na paquera de Faena Figueiredo Rossilho)

Quieto, faço o ego ficar quieto
ouvindo a lua cheia.

Meu coração bate no teto,
escuta faísca e incendeia.

Procura aquele coração:
seu grão: seu grão-vizir:

e a amada na estação
vê um céu fugir.

ijs
*

sexta-feira, julho 10, 2015

Dois poemas "meus" para Faena Figueiredo Rossilho

*
VERIFICAÇÃO DE IDENTIDADE

Este não é Dante.
Esta é uma foto de Dante.
Este é um filme em que um ator finge ser Dante.
Este é um filme com Dante no papel de Dante.
Este é um homem que sonha com Dante.
Este é um homem chamado Dante que não é Dante.
Este é um homem que imita Dante.
Este é um homem que se faz de Dante.
Este é um homem que sonha que é Dante.
Este é um homem que é a cara escarrada de Dante.
Esta é uma imagem de cera de Dante.
Este é um sósia, um duplo, um gêmeo.
Este é um homem que pensa ser Dante.
Este é um homem que todos, salvo Dante, pensam ser Dante.
Este é um homem que todos, salvo ele mesmo, pensam ser Dante.
Este é um homem que ninguém pensa ser Dante, salvo Dante.
Este é Dante.

***

POR QUE OS POETAS MENTEM: MOTIVOS ADICIONAIS

Porque o momento
em que a palavra feliz
é dita
nunca é o momento da felicidade.
Porque o sedento não traz
aos lábios sua sede.
Porque pela boca da classe operária
não passa a expressão classe operária.
Porque quem se desespera
não tem vontade de dizer:
"Estou desesperado."
Porque orgasmo e orgasmo
estão a mundos de distância.
Porque o moribundo, em vez de declarar
"estou morrendo", estertora apenas
um gemido baixo
e, para nós, incompreensível.
Porque são os vivos
que enchem o ouvido dos mortos
com suas notícias atrozes.
Porque as palavras sempre chegam
tarde demais ou cedo demais.
Porque é um outro,
sempre um outro,
quem fala
e porque
aquele de quem se fala
silencia.
__________________________

textos originais: (ERKENNUNGSDIENSTLICHE BEHANDLUNG e WEITERE GRÜNDE DAFÜR, DAS DIE DICHTER LÜGEN)
Hans Magnus Enzensberger

traduções: Nelson Ascher

fonte: Poesia alheia; 124 poemas traduzidos. [tradução e organização: Nelson Ascher] Rio de janeiro: Imago, 1998 [pp. 314-17]

digitação e curadoria: Ivan Justen Santana
_________________________

terça-feira, junho 23, 2015

DISCUTININDO A RELAÇÃO

(com o mundo inteiro:)

Eu quero discutir a relação.
Eu relaciono apenas um problema:


você não tem relado tanto assim ne mim.

E eu quero relar mais muito mais ni você.


ijs

quinta-feira, junho 11, 2015

terça-feira, junho 09, 2015

SOMOS TODOS PARDOS

*
sim:

somos todos pardos

tardos


cardos

fardos

sardos


par dos

outros 
e das

outras


pares de nós

mesmos

mesmo quando


nos achamos

diferentes

de outras gentes


somos os

mesmos

entes


desanticonstitucionalissimamentes


ijs

*

quarta-feira, maio 27, 2015

OS DEZESSETE DO VINTE E NOVE DO QUATRO

(na urgência da aparente quietude ensurdecedora)

Houve (sim: ouve!) dezessete policiais militares
que se recusaram a avançar sobre manifestantes,
se negaram a disparar balas de borracha
na cara de professores e professoras
(ou mesmo de jovens que pra blequebloques
ainda precisam comer muito feijãozinho).

Houve, não ouve?
Não.
Segundo a própria polícia militar, não, não
houve:
"Não houveram." "É falsa a informação."

A corporação nega, ó, minhas nêga.

Mas essa voz aqui diz: ouve, houve sim.

Mesmo que lembre aquele filme futurista
daquele dinamarquês fisiculturista,
o Arnoldo e Suas Nêga,
em que o protagonista
é policial que se nega a matar gente inocente,
e depois prendem ele e editam o vídeo
e comprovam que ele atirou na gente inocente,

sim, mesmo que isso lembre ficção científica
cinematográfica, a verdade da ficção pode corrigir
a verdade da mentira da negação da verdade que contaram:

assim,
sim, ouve:
houve dezessete (vinte e dois, um só e milhares)
daqueles policiais militares
que se negaram ao massacre.

Tenham sido inventados: precisavam ser.
Existiram mesmo: estejam ou não por aí.

E se esse poema chegar a algum deles
ou a alguma delas, enfim,
se chegar a você,
e você se puser na pele
de dezessete policiais militares
que romperam seu próprio código de obediência,
que sacrificaram sua própria posição de trabalho
para não obedecer às ordens de covardes,
então você também sabe:

ouve, houveram, houve:
dezessete policiais militares
no dia vinte e nove do quatro
de dois mil e quinze
na cidade de Curitiba
no estado do Paraná
(recordando os dezoito do forte
cantados por Scharffenberg de Quadros)
que se recusaram ao massacre,
sacrificaram a própria profissão,
romperam o código de obediência,
disseram não à violência,
disseram não à estupidez

e disseram sim à coragem.


IJS
__

domingo, maio 10, 2015

quarta-feira, maio 06, 2015

PANELAÇO

*
Gosta que o(a) engane.
Vidra na novela.
Vibra com o golaço.

Só que não.

Bate um panelaço.

Entra em pane
e cai no laço.

ijs
*

sexta-feira, maio 01, 2015

DISCURSO PRONTO EM 29 DE ABRIL DE 2015

*
Vamos ser criativos.
Desta vez sem os cavalinhos.
Atiradores de elite a postos.
Eu sempre recomendei.
Segurem os cachorros.
Eu nunca disse isso.
Diploma insubordina.
Eu não trabalho aqui.
Tem que ser desse jeito.
Eu nunca faltei com o desrespeito.
Tem dinheiro em caixa.
O melhor está por vir.

ijs
__

quarta-feira, abril 08, 2015

Um pouco de prosa e três repostagens praticamente a propósito

...
Nesta segunda-feira passada completou-se um ano desde a morte do meu irmão mais velho, Cid Justen Santana. Quando eu completar 43 anos, no ano que vem (pretendo viver pelo menos até lá...), tornar-me-ei (a mesóclise é sinal da idade) mais velho do que meu irmão mais velho.

Praticamente a propósito da passagem deste último seis de abril, reposto três poemas que já figuraram aqui. O primeiro é uma parceria com Plínio Gonzaga, feita em 2006, relembrando o poeta curitibano Marcos Prado (1961-1996). O segundo é um poema que escrevi ao meu irmão durante a fase terminal dele. E o terceiro é um poema do próprio Cid, escrito quando ele tinha 14 anos.


A CAVERNA DO BURACO NEGRO
[Ivan Justen Santana & Plínio Gonzaga]

Prados, colinas e ravinas,
penhascos, depressões, vales,
cidades, maremotos, ruínas,
montes, montes e montes –
todos os lugares de relevo
não mexem um pelo da minha sina,
todas as montanhas de nervos
e os intensos rios de lava
não valem um cabelo que resvala –
eu não celebro aniversários de morte,
a vida é que deve a essa descida –
dobrei todas as esquinas,
me perdi em todas as propostas
e agora até as frentes frias
me deram as costas.

***

O MEU IRMÃO ENQUANTO INSPIRAÇÃO
[Ivan Justen Santana]

Ao Cid Justen Santana

O meu irmão enquanto inspiração
é tanto o que não fez e o que tentou
porém também tanto o que fez, na ação
de ser, mesmo no ser que não chegou.

O meu irmão enquanto aspiração
prossegue sendo esse desenrolar
das coisas que inda não são mas serão
e no que ele tentar bolar colar

e até no medo que me dói de assim
o transformar em futura canção,
considerando um não qual sim e em mim
o meu irmão enquanto inspiração.

***

SONETO DA FELICIDADE

A felicidade não é grande nem azul.
A felicidade não é o norte nem o sul.
Não tem mapa nem direção.
É frágil e de curta duração.

Para que nela caiba toda tua vida
procura em todos os momentos a alegria escondida.
Usa cada tristeza tua como uma lição.
Usa cada alegria como impulsão.

A busca da felicidade é uma estrada
por selvas cercada e por pedras barrada:
remove-as sem levantar para não ser derrubado.

Não as empurres que o tesouro será esmagado.
Verte-as apenas para o lado, de mansinho
e terás aberto o caminho.

Cid Justen Santana (1971-2014)

...

terça-feira, abril 07, 2015

quinta-feira, abril 02, 2015

Porque esse fez 96 anos de idade uns dias atrás...


LOUD PRAYER

Let us pray
Our father whose art’s in heaven
Hollow be thy name
Unless things change
Thy wigdom come and gone
Thy will will be undone
On earth, as it isn’t heaven
Give us this day our daily dread
At least three times a day
And forgive us our trespasses
On love’s territory
For thine is the wigdom and power and glory
Oh, man

Lawrence Ferlinghetti
__

PAI NOSSA

oremos:

Pai nossa que arte hás no céu
Sem significado seja o vosso nome
Caso a coisa não mude
Venha e volte o vosso treino
Seja desfeita a vossa vontarde
Assim na terra como no seu
O não nosso de cada dia
Nos dai hoje pelo menos três vezes
Perdoai as nossas ofensas
Assim como nós nos temos comido
E não nos deixeis cair sem tentação
Mas livrai-nos do normal
Há zen: amem


versão brasileira: ijs

...

terça-feira, março 31, 2015

O DIA DA BOA-CRIAÇÃO

(com o perdão do cacófato no final)

Naquele dia, o poeta que não foi criado numa faculdade de letras porque achava que lá seria colocado numa caixinha conseguiu sorrir pra poeta que tinha sim sido criada numa faculdade de letras e estava até com projeto pronto pruma dissertação de mestrado combinando poesia e linguística. E também naquele dia a poetisa que não tinha problema em ser chamada de poetisa (e não de poeta) passeava de mãos dadas com o poeta adolescente que pretendia fazer curso de paleontologia mas mesmo assim reconhecia que poderia ser bom fazer um curso de letras, sob os olhares apaixonados duma outra poeta (não poetisa) que também era artista plástica e tinha uma namorada interessada em artes que ainda assim conseguia trampar como assistente administrativa num escritório de advocacia de três sócios que às vezes até conseguiam prestar serviços comunitários e um deles até mesmo lia poesia francesa no original e gostava de Mallarmé, e até de Lautréamont, mas às 18h35 daquele dia um armamento químico-bacteriológico foi detonado nas proximidades daquela cidade, e mesmo assim foi um dia lindo e feliz. E até o diabo que não tinha entrado na história conseguiu cometer uma boa-criação, em vez duma má.

ijs
...

segunda-feira, março 30, 2015

A COLETIVIDADE DOS POETAS

(em saudação à reabertura da Feira do Poeta)

A coletividade dos poetas
da Feira do Poeta, de Curitiba
sempre teve lá
sua estrutura.

Tal coletividade sempre lutou
dentro de uma Fundação
que teve indigestões
quase sem cultura.

Entre mortos e mortas, feridos
e feridas, manteve a coletividade
alguma fugaz, resistente,
eterna e boa catadura.

A coletividade ao redor da Feira
vencerá tudo, se for capaz de
vencer sua própria
estupidez e loucura.

A coletividade dos poetas (e das poetas
e poetisas) da Feira do Poeta, de Curitiba:
dura vida dura que contém
a doença e a cura.

Quem atura?


ijs
...

terça-feira, março 17, 2015

UM POEMA DE VIATCHESLAV IVANOVITCH IVANOV

[vertido daqui (é só clicar: sim, eu tenho noções mínimas de russo, mas sem o inglês estaria num mato sem bússola)]


AMOR

Nós — dois troncos que um só raio incendeia,
Duas chamas de noite na floresta,
Nós — dois meteoros na amplidão imensa,
Dum só destino a dupla aguda flecha!

Nós — duas montarias cujas rédeas
A mesma mão detém, — espora: a mesma;
Dois olhos que a mesma visão contemplam,
Tremor das asas duma só quimera.

Nós — um casal de sombras em lamento
Sobre o sagrado mármore do leito
Onde a ancestral Beleza em sono jaz.

Boca de duas vozes e um segredo,
Uma só Esfinge que esse par perfaz.
Nós — os dois braços duma única cruz.


Viatcheslav Ivanovitch Ivanov

Вячеслав Иванович Иванов (Moscou, 1866 — Roma, 1949)

versão brasileira: Ivan Justen Santana
(Curitiba, 17 de março de 2015)

terça-feira, março 10, 2015

À QUE QUASE NUNCA ESTÁ TRISTE

[pra Faena Figueiredo Rossilho]

__Porque versinhos têm razão
Mesmo se alguém achar que é chiste,
__Faço estes aqui – por que não? –
À que quase nunca está triste.

__Melancolia até que vai
Melhor que raiva e dedo em riste,
__Porém este é um corpo que cai
À que quase nunca está triste.

__Sim: basiquinho, simples, bom.
Sem pena, gaiola ou alpiste.
__Sem arroba nem ponto com,
À que quase nunca está triste.

__Nessa linguagem – já se viu –
E nesta estrofe – nem tu viste –
__Fiz este poema igual a um psiu
À que quase nunca está triste.

__Porque nem nunca quase está
Quem sabe que não é despiste
__E eu sei que enfim agradará
A que quase nunca está triste.

__ijs

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sexta-feira, janeiro 30, 2015

AMAR (uma tradução pra não deixar este mês passar batido aqui)

[um trampinho de graça pra FFR]

https://www.youtube.com/watch?v=BkYZzPpm_Zw

AMAR
(Elsa Triolet - Eugène Guillevic / Philippe Gérard)
[vb:ijs]

Ainda me criticam
Por não haver amado
O que é chamado amor
O que chamam de amor

Porém que sabem eles?
E o que sei eu também?
A cada qual o amor
A seu fervor de amor

Talvez tal seja o meu
Um tal fervor de amor
Que não consegue se fixar numa só cor

E segue a ser a canção
Que eu lanço pra você
Não ousarei então
Se me faltar o amor

Talvez tal seja o meu
Um tal fervor de amor
Que não consegue se fixar numa só cor

E segue a ser canção
Que eu lanço pra você
Não ousarei então
Se me faltar o amor
Se me faltar o amor
Se me faltar o amor
Se me faltar o amor!

[texto original:]
AIMER

On me reproche aussi
De n'avoir pas aimé
Ce qui s'appelle Aimer
Qu'ils appellent Aimer

Mais qu'est-ce-qu'ils en savent?
Et qu'est-ce-que j'en sais?
A chacun son amour
Et son besoin d'amour

Peut-être que le mien
Est un besoin d'amour
Qui ne peut tout à fait se fixer dans un corps

Et qui reste le chant
Que je jète vers vous
Que je n'oserai pas
Si je manquais d'amour

Peut-être que le mien
Est un besoin d'amour
Qui ne peut tout à fait se fixer dans un corps

Et qui reste le chant
Que je jète vers vous
Que je n'oserai pas
Si je manquais d'amour
Si je manquais d'amour
Si je manquais d'amour
Si je manquais d'amour!
...